Revolta da Vacina : Introdução a História

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A História é usualmente conhecida como estudo do passado, porém nos aprofundando no estudo histórico descobrimos que não é bem assim. A História é o estudo do tempo presente, da ação do homem ao longo do tempo, através de questões no presente podemos voltar ao passado para analisar criticamente o que já aconteceu. Aqui vale evocar o conceito de regime de historicidade, do historiador francês François Hartog, que nos indica a dominância de uma das instancias de temporalidade sobre as outras. O presente, passado e o futuro podem de certa forma exercer uma latência maior em um período histórico.

Um empecilho encontrado no estudo histórico é a impossibilidade de reproduzir um ato, um período ou evento histórico, pois, a História não é uma ciência como a química, que através de um laboratório você pode reproduzir determinado experimento, com a História isso não é possível. Todavia, isso não faz da História menos científica que a Química; seu método é outro, mas não menos rigoroso. Em outro momento evidenciarei como a História é colocada como Ciência e qual é sua metodologia, uma vez que o cerne da discussão desse artigo não é a cientificidade da História.

Por meio da discussão hodierna que se faz em torno das vacinas, de sua eficiência e obrigatoriedade, pontuaremos sobre a Revolta da Vacina que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 1904 que era então a capital do Brasil. Analisando através do prisma da liberdade e não da submissão, será apresentado alguns dos principais nuances históricos desde episódio da História do Brasil, e como os questionamentos daquela época, hoje se fazem presente nos nossos dias.

Há que se ressaltar que sempre foi através do questionamento e do debate que a ciência se solidificou, e não por mandos e desmandos de especialistas que sedimentam medidas autoritárias. Além dos questionamentos que se repetem, a arbitrariedade e a coerção estatal também se faz presente no nosso cenário, agora com novos personagens e protagonistas, assim como mecanismos cada vez mais violentos.

Devera leviano seria dizer que a História se repete, de forma cíclica, na forma de ouroboros1, pois sempre existe espaço para mudanças, novidades e novos atores políticos e sociais. A História não é calculável, moldável ou uma mera repetição de eventos passados. Também não é determinada e nem está fadada a chegar ao socialismo. A História não é determinável. Apesar que existe certa familiaridade e semelhança com eventos passados, porém sempre existe espaço para o novo. A sua utilidade não se dá a um lugar, um tempo ou contexto específico, mas sim a um todo, a uma totalidade. Sua utilidade é universal.

Na próxima parte do artigo, abordaremos o contexto histórico e os personagens da revolta da vacina no Rio de Janeiro de 1904 e por fim faremos uma ponte, um elo com os desdobramentos do nosso passado recente da COVID-19 e das vacinas.

1 Ouroboros é um conceito simbolizado por uma serpente — ou por um dragão — que morde a própria cauda. O Ouroboros costuma ser representado pelo círculo, o que parece indicar, além do eterno retorno, a espiral da evolução, a dança sagrada de morte e reconstrução.

1 comentário em “Revolta da Vacina : Introdução a História”

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