Baixe aqui o resumo
Eis abaixo a síntese da evolução do pensamento austro-libertário ao longo da História, com uma breve biografia de seus pensadores, suas principais obras e uma sucinta revisão de seu respectivo pensamento.
ARISTÓTELES | |
METAFÍSICA | A realidade é composta de substâncias que possuem essências. A forma substancial e a matéria prima são categorias- chave. |
EPISTEMOLOGIA | Universais existem em substâncias. Nós apreendemos a realidade diretamente. Os conceitos são derivados por meio da abstração. |
ÉTICA | O objetivo da ética é o florescimento humano. A natureza do florescimento é uma questão objetiva de fato. Os seres humanos precisam de virtudes, como coragem e prudência, para florescer. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | A origem da lei natural é a natureza humana, não depende dos decretos das pessoas nem existe do pensamento das pessoas; é igual em todos os lugares e consiste em seguir tendências naturais, universais e constantes implantadas nos homens. |
FILOSOFIA POLÍTICA | O homem é um animal político. A cidade-estado (polis), governada por um regime misto, é a melhor forma de comunidade política. Se Aristóteles tinha um conceito de direitos é questionado. |
BIOLOGIA | O estudo do comportamento animal é importante no estudo dos seres humanos. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | As espécies são fixas. Sem evolução. “Só o homem pode dar origem ao homem.” |
EVOLUÇÃO CULTURAL | As instituições sociais vêm da natureza humana e da luta do homem pela satisfação de suas necessidades e desejos; a família é estabelecida para a satisfação dos instintos reprodutivos do homem e das necessidades diárias; a escravidão é estabelecida pelo instinto básico de autopreservação que faz com que escravos e senhores se unam para o benefício mútuo. |
ECONOMIA | O comércio é uma troca de bens de igual valor. Riqueza e negócios não devem ser excessivos. |
Aristóteles (Estagira, 384 a.C. — Atenas, 322 a.C.) foi um filósofo grego durante o período clássico na Grécia antiga, fundador da escola peripatética e do Liceu, além de ter sido aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos como: a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia, a linguística, a economia e a zoologia. Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia ocidental. Em 343 a.C. torna-se tutor de Alexandre da Macedónia, na época com treze anos de idade, que será o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em 335 a.C. Alexandre assume o trono e Aristóteles volta para Atenas onde funda o Liceu.
Todos os aspectos da filosofia de Aristóteles continuam sendo objeto de estudos acadêmicos. Embora Aristóteles tenha escrito muitos tratados e diálogos formatados para publicação, apenas cerca de um terço de sua produção original sobreviveu, nenhuma delas destinada à publicação.
Corpus aristotelicum são os mais de trinta tratados escritos por Aristóteles que chegaram até nós e que constituem provavelmente seu trabalho de caráter didático. Suas principais obras são Metáfisica, Ética a Nicômaco, Política, Órganon e Física, além de diversas outras obras que abrangem quase que a totalidade do conhecimento humano.
TOMÁS DE AQUINO | |
METAFÍSICA | A realidade é composta de substâncias que possuem essências. O universo é criado por Deus, que é a fonte de todo ser. |
EPISTEMOLOGIA | Universais existem em substâncias. Nós apreendemos a realidade diretamente. Os conceitos são derivados por meio da abstração. |
ÉTICA | Os seres humanos devem obedecer à lei natural, que é a parte da lei divina que pode ser apreendida pela razão. A ética de Aquino desenvolve e amplia a ética de Aristóteles. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | A lei natural é criada por Deus. |
FILOSOFIA POLÍTICA | O homem é um animal político. A forma ideal de governo é uma monarquia limitada. O direito de possuir propriedade privada é reconhecido. |
BIOLOGIA | O estudo do comportamento animal é importante no estudo dos seres humanos. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | As espécies são fixas. Sem evolução. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | As instituições sociais se desenvolvem como uma resposta à desigualdade de dons dos homens e permitem que os homens exerçam seus talentos naturais; o homem é por natureza um animal social e só pode atingir seus fins naturais em cooperação com outros; o estado é necessário para o homem atingir o bem comum mundano, enquanto a igreja é necessária para alcançar o bem supremo do homem (o desfrute de Deus). |
ECONOMIA | O preço justo é o preço de mercado prevalecente, mas não é mantido de forma consistente. A riqueza e o comércio devem ocupar um lugar subordinado na sociedade. |
Tomás de Aquino, foi um frade católico italiano da Ordem dos Pregadores (dominicano) cujas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida como Escolástica, e que, por isso, é conhecido como “Doctor Angelicus”, “Doctor Communis” e “Doctor Universalis”. “Aquino” é uma referência ao condado de Aquino, uma região que foi propriedade de sua família até 1137.
Ele foi o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do tomismo. Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito da filosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria política. Ao contrário de muitas correntes da Igreja na época, Tomás abraçou as ideias de Aristóteles – a quem ele se referia como “o Filósofo” – e sintetizou a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo. As obras mais conhecidas de Tomás são a “Suma Teológica” (em latim: Summa Theologiae) e a “Suma contra os Gentios” (Summa contra Gentiles). Seus comentários sobre as Escrituras e sobre Aristóteles também são parte importante de seu corpus literário. Além disso, Tomás se distingue por seus hinos eucarísticos, que ainda hoje fazem parte da liturgia da Igreja.
Tomás é venerado como Santo pela Igreja Católica e é tido como o professor modelo para os que estudam para o sacerdócio por ter atingido a expressão máxima tanto da razão natural quanto da teologia especulativa. O estudo de suas obras há muito tempo tem sido o cerne do programa de estudos obrigatórios para os que buscam as ordens sagradas (como padres e diáconos) e também para os que se dedicam à formação religiosa em disciplinas como filosofia católica, teologia, história, liturgia e direito canônico.
JOHN LOCKE | |
METAFÍSICA | A natureza última da realidade é desconhecida para os seres humanos. Não temos conhecimento de essências reais. |
EPISTEMOLOGIA | Nosso conhecimento está confinado a impressões sensoriais e idéias que copiam impressões e abstrações delas. Não existem ideias inatas. |
ÉTICA | Os seres humanos devem obedecer à lei natural, que pode ser deduzida geometricamente. A autopropriedade e a aquisição de propriedade por meio da mistura de mão-de-obra são fundamentais. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | A lei natural é dada por Deus, mas podemos descobrir parte de seu conteúdo apenas à luz da razão, pois Deus também nos criou com uma razão capaz de seguir Sua vontade. |
FILOSOFIA POLÍTICA | O governo é estritamente limitado e estabelecido por meio de contrato. Seu objetivo é fazer cumprir a lei da natureza. |
BIOLOGIA | Não há limites reais entre as espécies, apenas distinções na mente do homem, classificações nominais de criaturas vivas sob nomes distintos; no entanto, existem semelhanças objetivas entre as criaturas na natureza. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | Na grande cadeia de seres, as criaturas vivas “evoluem” em passos fáceis, sem abismos ou lacunas entre as espécies; no processo de ascensão dos animais aos homens, cada estágio difere muito pouco do seguinte; as propriedades de diferentes espécies são parcialmente variáveis e as espécies podem se misturar e produzir monstros ou novas espécies ocasionalmente. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | As instituições sociais são inventadas e consentidas por indivíduos livres para satisfazer suas necessidades e tornar a vida conveniente; a invenção do dinheiro torna as desigualdades entre os homens – especialmente as diferenças de laboriosidade – mais pronunciadas e multiplica os problemas que afetam o estado de natureza; isso leva à criação do governo via contrato. |
ECONOMIA | O comércio e a acumulação de dinheiro são altamente valorizados. O valor é baseado no custo do trabalho. Favoreceu o dinheiro forte e se opôs à inflação. |
John Locke foi um filósofo inglês conhecido como o “pai do liberalismo”, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.
Locke ficou conhecido como o fundador do empirismo, além de defender a liberdade e a tolerância religiosa. Como filósofo, pregou a teoria da tábula rasa, segundo a qual a mente humana era como uma folha em branco, que se preenchia apenas com a experiência. Essa teoria é uma crítica à doutrina das ideias inatas de Platão, segundo a qual princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência.
Locke escreveu o Ensaio acerca do Entendimento Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a natureza do conhecimento, bem como obras de cunho político como Dois Tratados sobre o Governo.
Um dos objetivos de Locke é a reafirmação da necessidade do Estado e do contrato social e outras bases. Opondo-se a Hobbes, Locke acreditava que se tratando de Estado-natureza, os homens não vivem de forma bárbara ou primitiva. Para ele, há uma vida pacífica explicada pelo reconhecimento dos homens por serem livres e iguais.
CARL MENGER | |
METAFÍSICA | A realidade é composta de substâncias que possuem essências. A ontologia de Menger é aristotélica. |
EPISTEMOLOGIA | Universais existem em substâncias. Nós apreendemos a realidade diretamente. |
ÉTICA | Nenhum interesse especial em ética; a economia deve evitar orientação ética; mas do ponto de vista econômico todos os bens são entendidos como meios para o bem-estar humano e a satisfação de necessidades; as necessidades estão embutidas na natureza e na biologia humanas e devem ser satisfeitas se o homem quiser sobreviver e prosperar; os bens não têm valor intrínseco; o valor consiste no julgamento do homem sobre a capacidade dos bens de satisfazer suas necessidades. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | Nenhum interesse especial na lei natural; no entanto, considerados do ponto de vista da ciência econômica, o bem-estar humano e as necessidades, bem como os meios (bens) para satisfazê-los, têm, em grande parte, sua origem na natureza humana e na biologia do organismo humano. |
FILOSOFIA POLÍTICA | Visão liberal-clássica de um estado mínimo sem funções distributivas e sem funções de estabilização; o estado tem apenas pequenas funções alocativas – a mitigação de efeitos externos negativos (por exemplo, desmatamento, duração de uma jornada de trabalho, trabalho infantil) e fornecimento de “bens públicos” com efeitos externos positivos (por exemplo, estradas, ferrovias, canais). |
BIOLOGIA | Os organismos são caracterizados por uma complexidade de suas partes, onde cada parte tem uma função específica no que diz respeito à preservação, desenvolvimento e propagação de um organismo; há, portanto, uma analogia entre organismos naturais e estruturas sociais no que diz respeito à sua natureza e função. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | Os organismos exibem funcionalidade de todas as suas partes, o que é útil em sua preservação e propagação – essa funcionalidade é o resultado de um processo natural; há, portanto, uma analogia entre a origem dos organismos naturais e esses fenômenos sociais que não são o resultado do projeto humano. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | O desenvolvimento das instituições sociais, especialmente o dinheiro, por meio de forças evolutivas espontâneas é enfatizado. A noção de que as instituições são estabelecidas por meio de um acordo explícito é rejeitada. |
ECONOMIA | Fundador da moderna teoria subjetiva do valor. Toda a estrutura da economia é construída por meio da análise de sua estrutura causal. A imputação é usada para explicar os preços dos fatores de produção. O padrão ouro é favorecido. |
Carl Menger foi um economista austríaco, fundador da escola austríaca. Desenvolveu uma teoria subjetiva do valor, a teoria da utilidade marginal, ligando-a à satisfação dos desejos humanos; teoria esta primeiramente desenvolvida por Pierre de Jean Olivi (1248-1298) e retomada por São Bernardino de Sena no século XIV.
Para ele, as trocas ocorrem porque os indivíduos tem avaliações subjetivas diferentes de uma mesma mercadoria: toda a atividade econômica resulta simplesmente da conduta dos indivíduos e deve ser analisada a partir do consumo final, como uma pirâmide invertida.
Definição de valor para Menger: um bem tem valor pois satisfaz uma necessidade, sendo que esse valor deriva da necessidade que não seria satisfeita caso não tivéssemos o bem. Valor é diferente de preço (que é determinado pelo mercado, dependendo assim, da concorrência e informação).
Sua teoria da utilidade foi também desenvolvida, na mesma época (1871) e independentemente, por Jevons, mas foram Menger e seus discípulos Böhm-Bawerk e von Wieser que melhor a exploraram.
Menger foi professor de economia política na Universidade de Viena de 1873 a 1903. Sua obra mais importante, na qual desenvolveu sua teoria da utilidade marginal, é Die Grundsatze der Volkswirtschaftslehre de 1871. Também deixou contribuições no campo da teoria monetária e da metodologia das ciências humanas.
Menger utilizou sua Teoria subjetiva do valor para chegar no que ele classificou como um dos insights mais poderosos da ciência econômica: “trocas são mutuamente benéficas”. Ao Contrário de William Jevons, Menger não acreditava que os bens tinham “uteis” ou “unidades de utilidade”. Ao invés disso, ele descreveu os bens como sendo valiosos porque eles servem a diversos usos cuja importância difere entre sí. Menger também desenvolveu uma explicação para como o dinheiro se desenvolve na sociedade que é aceita por algumas escolas econômicas ainda hoje.
Suas principais obras são Princípios de Economia Política, Investigações sobre o Método das Ciências Sociais com Referência Especial à Economia, Os erros do historicismo na economia alemã, A Teoria do Capital e Sobre as origens do dinheiro
EUGEN BÖHM-BAWERK | |
METAFÍSICA | A ontologia de Böhm- Bawerk é aristotélica; objetivos, características naturais e poderes inerentes às coisas. |
EPISTEMOLOGIA | A teoria do conhecimento de Böhm-Bawerk é aristotélica; as pessoas podem estar cientes das características naturais e poderes inerentes às coisas. |
ÉTICA | Nenhum interesse especial em ética; mas do ponto de vista econômico todos os bens são entendidos como meios para o bem-estar humano; as coisas não são bens objetiva ou inerentemente, bens- qualidade é uma relação entre uma coisa e um homem; esses bens são distintos dos fins últimos não marginais e abstratos (por exemplo, felicidade) que estão além do alcance da ciência econômica. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | Sem menção. |
FILOSOFIA POLÍTICA | É um erro do Estado ignorar a lei econômica. A ordem social não pode ser moldada como as pessoas querem. |
BIOLOGIA | Sem menção. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | Sem menção. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | Sem menção. |
ECONOMIA | Teve papel fundamental na teoria do capital austríaco, por meio da ideia de “período de produção”. Desenvolveu a teoria da preferência temporal de interesse. O mais importante crítico da economia marxista. |
Eugen von Böhm-Bawerk foi um economista austríaco que fez importantes contribuições para o desenvolvimento da chamada Escola Austríaca de Economia.
Estudou direito na Universidade de Viena, onde leu o livro Princípios de Economia, de Carl Menger. Embora nunca tenha sido aluno de Menger, ele rapidamente tornou-se um partidário de suas teorias. Joseph Schumpeter disse que Böhm-Bawerk “era tão completamente entusiasmado discípulo de Menger que dificilmente é necessário procurar outras influências”. Durante o período na Universidade de Viena, Böhm-Bawerk tornou-se amigo de Friedrich von Wieser, quem mais tarde foi também seu cunhado.
Após completar seus estudos, entrou no ministério das finanças austríaco. Böhm-Bawerk passou boa parte da década de 1880 na Universidade de Innsbruck (1881-1889). Durante esse tempo publicou os primeiros dois (em um total de três) volumes de sua magnum opus, Capital e Juro (Capital and Interest). Em 1889 foi chamado a Viena pelo ministério das finanças para esboçar uma proposta para a reforma tributária. O sistema austríaco naquele momento tributava de forma pesada a produção, especialmente durante a guerra, fornecendo desincentivos maciços ao investimento. A proposta de Böhm-Bawerk sugeria um moderno imposto de renda, o qual foi logo aprovado e teve grande sucesso nos anos seguintes.
Então tornou-se ministro das finanças austríaco em 1895. Serviu brevemente, e novamente em uma outra ocasião, embora uma terceira vez ele tenha permanecido no cargo de 1900 até 1904. Como ministro das finanças ele lutou continuamente pela estrita manutenção do padrão ouro legalmente fixado e um orçamento equilibrado. Em 1902 ele eliminou o subsídio ao açúcar, o qual tinha sido uma característica do Império Austríaco por quase dois séculos. Renunciou finalmente em 1904, quando as crescentes demandas fiscais do exército ameaçaram desequilibrar o orçamento.
Ele escreveu extensivas críticas ao pensamento econômico de Karl Marx nas décadas de 1880 e 1890, e vários proeminentes marxistas —incluindo Rudolf Hilferding— estiveram em seu seminário em 1905-06. Ele voltou a lecionar em 1904, com uma cadeira na Universidade de Viena. Ele ensinou muitos estudantes, entre eles Joseph Schumpeter, Ludwig von Mises e Henryk Grossman. Böhm-Bawerk morreu em 1914.
LUDWIG VON MISES | |
METAFÍSICA | A natureza última da realidade é desconhecida para os seres humanos. A ação humana é um “dado definitivo”. |
EPISTEMOLOGIA | O ser humano possui conceitos a priori que o capacitam a apreender o mundo social. Sem o conceito de ação, não poderíamos entender o comportamento humano. |
ÉTICA | Os julgamentos de valor finais são subjetivos. Quase todo mundo quer paz e prosperidade, o que pode ser alcançado por meio do mercado livre. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | Mises rejeita a ideia de lei natural e adere a uma forma de utilitarismo; a noção de lei natural é ilusória, o mesmo que a ideia de que os homens são criados iguais; não existe algo como lei natural e um padrão perene de justiça. |
FILOSOFIA POLÍTICA | Apenas um estado estritamente limitado, confinado à proteção e defesa, é justificável. Idealmente, o direito de secessão permitiria que os indivíduos governassem a si próprios. |
BIOLOGIA | O comportamento animal é quase proposital, é uma resposta útil a estímulos e não pode ser totalmente interpretado com os métodos causais das ciências naturais, mas precisa da ajuda dos conceitos de significado desenvolvidos pela praxeologia; chamamos o comportamento animal de instintivo porque cede a impulsos momentâneos e não pode se opor a eles, mas mesmo assim demonstra utilidade. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | O início dos seres humanos mudou a natureza da evolução, que não precisa mais ser caracterizada por lutas violentas. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | A cooperação social por meio do comércio pacífico permite que as pessoas floresçam. |
ECONOMIA | A praxeologia, a ciência da ação humana, é desenvolvida por meio da dedução do conceito de ação. O dinheiro necessariamente se origina como uma mercadoria. O cálculo monetário é essencial em uma economia complexa e não pode ocorrer sob o socialismo. |
Ludwig Heinrich Edler von Mises foi um economista teórico de nacionalidade austríaca e, posteriormente, americana, que foi membro da Escola Austríaca de pensamento econômico. É conhecido principalmente por seu trabalho no campo da praxeologia, o estudo dedutivo das ações e escolhas humanas.
Defensor da liberdade econômica como suporte básico da liberdade individual, em seu livro Ação Humana expõe as posições epistemológicas e metodológicas que caracterizam a Escola Austríaca: concepção subjetiva de valor, individualismo metodológico e praxeologia. Além disso, Mises dedicou-se à crítica do Socialismo enquanto sistema econômico, por considera-lo inviável em razão de não apresentar mecanismos de fixação de preço pelo mercado (problema do cálculo econômico).
Embora seu trabalho tenha sido amplamente ignorado até meados do século XX, sua obra tem experimentado um certo aumento de popularidade, embora mesmo pensadores ligados ao liberalismo clássico o acusem de ser “um filho do Iluminismo nascido por engano no século XX”.
É autor de diversos livros sobre economia, dentre eles Ação Humana (1949), O Cálculo Econômico sobre a Comunidade Socialista (1920) e Problemas Epistemológicos da Economia (1933).
FRIEDRICH VON HAYEK | |
METAFÍSICA | A natureza última do mundo é incognoscível, por causa das limitações da mente humana. Muito do nosso comportamento ocorre inconscientemente. |
EPISTEMOLOGIA | A mente humana consiste em níveis. Cada nível classifica o nível abaixo dele. A estrutura do cérebro limita quanta complexidade os seres humanos podem compreender. |
ÉTICA | A base da ética é observar regras fixas que se mostraram bem-sucedidas na evolução. Esta é uma forma de utilitarismo de regras. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | A ideia clássica da lei natural como descoberta pela razão humana é rejeitada; se, no entanto, o termo “natural” é contrastado com “inventado” ou “deliberadamente projetado”, então a origem da “lei natural” é espontânea, a evolução lamarckiana via aprendizado imitativo, especialmente via julgamento de disputas por tribunais de acordo com as práticas habituais de um comunidade. |
FILOSOFIA POLÍTICA | O estado deve seguir o império da lei, permitindo que os indivíduos planejem sua conduta. O escopo exato das atividades permissíveis do Estado é incerto e algumas medidas de bem-estar do Estado são permitidas. |
BIOLOGIA | O comportamento e a sobrevivência dos animais são impulsionados por instintos herdados geneticamente e reflexos inatos; ainda assim, algumas tradições “culturais” ajudam a moldar as sociedades animais (macacos ou ancestrais animais do homem); a mudança decisiva do animal para o homem foi devido ao aprendizado imitativo transmitido (em oposição aos instintos) e às restrições culturalmente determinadas de respostas inatas. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | A importância da teoria darwiniana e do processo de peneiração filogenética do pool de genes por meio da seleção natural é reduzida; a evolução é vista como o desenvolvimento ontogenético dos organismos a partir de sua constituição genética; a evolução socioeconômica é lamarckiana e difere da biológica por consistir na transmissão de características adquiridas. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | O papel da evolução no desenvolvimento da ordem espontânea é crucial. As instituições sociais são competitivas ao permitir que um grande número de pessoas sobreviva. |
ECONOMIA | Teórico principal da teoria austríaca dos ciclos econômicos. Salientou que os preços de livre mercado permitem que o conhecimento local seja usado, em contraste com o planejamento central. Muito do nosso conhecimento é tácito, não formulado explicitamente. |
Friedrich August von Hayek foi um economista e filósofo austríaco, posteriormente naturalizado britânico. É considerado um dos maiores representantes da Escola Austríaca de pensamento econômico. Foi defensor do liberalismo clássico e procurou sistematizar o pensamento liberal clássico para o século XX, época em que viveu. Realizou contribuições para a filosofia do direito, economia, epistemologia, história das ideias, história econômica, psicologia, entre outras áreas. Recebeu o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel de 1974, “por seu trabalho pioneiro na teoria da moeda e flutuações econômicas e pela análise penetrante da interdependência dos fenômenos econômicos, sociais e institucionais”, que dividiu com seu rival ideológico Gunnar Myrdal.
Nasceu em Viena, em uma família de cientistas e professores. Seu pai era professor de Botânica na Universidade de Viena. Quando jovem, escolheu a carreira de economista. Serviu na Primeira Guerra Mundial, e disse que a experiência da guerra e seu desejo de evitar que ressurgissem os erros que levaram ao conflito tiveram grande influência na sua carreira. Morou na Áustria, na Grã-Bretanha, nos EUA e na Alemanha, tornando-se cidadão britânico em 1938. Passou o maior tempo de sua carreira na London School of Economics (LSE), na Universidade de Chicago e na Universidade de Freiburg.
Em 1984, tornou-se membro da Order of the Companions of Honour (Ordem dos Companheiros de Honra), por indicação da Rainha Elizabeth II, no conselho da Primeira Ministra Margaret Thatcher, por seus “serviços no estudo da economia”. Ele foi a primeira pessoa a receber o Prêmio Hanns Martin Schleyer, em 1984. Recebeu também a US Presidential Medal of Freedom (Medalha Presidencial da Liberdade dos EUA) do presidente George H. W. Bush, em 1991. Em 2011, seu artigo O Uso do Conhecimento na Sociedade foi selecionado como um dos 20 principais artigos publicados pela The American Economic Review (A Revisão Economica Americana) durante seus primeiros 100 anos.
Foi um importante teórico social e filósofo político do século XX, e sua consideração sobre como a mudança dos preços comunica conhecimento, o que permite aos indivíduos coordenarem seus planos, é amplamente considerada como uma das grandes proezas da ciência econômica. Na psicologia, propôs uma teoria da mente humana segundo a qual a mente é um sistema adaptativo. Em Economia, defendeu os méritos da ordem espontânea. Fez trabalhos importantes sobre a evolução social, sobre os fenômenos complexos e a metodologia das ciências sociais. Fundou a Mont Pèlerim Society com outros liberais para propagar o liberalismo no pós-guerra, entre os quais estavam Michael Polanyi, Ludwig von Mises, Bertrand de Jouvenel, Wilhelm Röpke, Milton Friedman, Frank Knight, Lionel Robbins, Karl Popper e outros pensadores de relevo.
As principais obras de Hayek são O Caminho da Servidão, Individualismo e Ordem Econômica, A Constituição da Liberdade, Direito, Legislação e Liberdade (3 volumes).
AYN RAND | |
METAFÍSICA | A existência existe: o mundo consiste em concretos que a mente integra. |
EPISTEMOLOGIA | A mente obtém conceitos por abstração. Abstrações são atalhos mentais, então a mente não tem que lidar com toda a realidade de uma vez. Os conceitos não existem separados da mente. |
ÉTICA | O fundamento da ética é a própria vida de cada pessoa como um ser racional. As pessoas podem escolher se querem sobreviver, mas se alguém fizer essa escolha fundamental, a natureza do que é valioso não é subjetiva. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | O direito natural tem sua origem em fatos observáveis da natureza e realidade humanas, especialmente nas capacidades naturais do homem para a razão e uma vida independente, bem como em suas necessidades biológicas de bens materiais que são bases essenciais para os direitos individuais à vida, liberdade e propriedade; Deus não tem nada a ver com a lei natural. |
FILOSOFIA POLÍTICA | Os indivíduos têm direitos de propriedade, porque precisamos de direitos de propriedade para sobreviver. Apenas um estado limitado de justiça, proteção e defesa é justificável. O estado não tem poder de tributar. |
BIOLOGIA | Ao contrário dos animais, o homem não possui instintos inatos (entendidos como forma automática de conhecimento); o homem nasce com um aparelho cognitivo que é tabula rasa e que deve ser preenchido com conteúdo; para fazê-lo, o homem deve fazer tal escolha. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | A teoria da evolução não é apoiada nem oposta, é tratada como uma mera hipótese; há uma lacuna qualitativa entre humanos e animais devido à faculdade racional do homem; no entanto, os humanos ainda podem estar evoluindo de macacos para super-homens (nos quais a faculdade racional é a característica dominante) e vivem próximos aos “elos perdidos” subumanos nos quais a faculdade racional é inerte. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | O contraste entre o instinto animal e a razão humana é enfatizado. Os seres humanos não possuem instintos que determinam seu comportamento. Eles devem escolher viver. |
ECONOMIA | O capitalismo laissez-faire é o melhor sistema econômico possível. Devemos viver de acordo com o “princípio do comerciante”, e não de forma parasitária. |
Ayn Rand foi uma escritora, dramaturga, roteirista e filósofa norte-americana de origem judaico-russa, mais conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado de Objetivismo, e por seus romances. Ela teve sua primeira peça produzida na Broadway em 1932. Depois de dois primeiros romances que inicialmente não tiveram sucesso, ela alcançou fama com seu romance de 1943, The Fountainhead (A Nascente). Em 1957, Rand publicou seu trabalho mais conhecido, o romance Atlas Shrugged (A Revolta de Atlas). Posteriormente, ela se voltou para a não-ficção para promover sua filosofia, publicando seus próprios periódicos e lançando várias coleções de ensaios até sua morte em 1982.
Rand defendeu a razão como o único meio de adquirir conhecimento e rejeitou a fé e a religião. Ela apoiou o egoísmo racional e ético e rejeitou o altruísmo. Na política, ela condenou a iniciação da força como imoral e se opôs ao coletivismo e ao estatismo, bem como ao anarquismo, em vez disso apoiando o capitalismo laissez-faire, que definiu como o sistema baseado no reconhecimento dos direitos individuais, incluindo os direitos de propriedade. Na arte, Rand promoveu o realismo romântico. Ela criticava fortemente a maioria dos filósofos e tradições filosóficas conhecidas por ela, com exceção de Aristóteles, Tomás de Aquino e liberais clássicos.
Críticos literários receberam a ficção de Rand com críticas misturadas, tendo a academia ignorado em um primeiro momento sua filosofia, muito embora o interesse acadêmico tenha aumentado nas últimas décadas. O movimento objetivista tenta espalhar suas ideias, tanto para o público quanto em contextos acadêmicos. Ela tem sido uma influência significativa entre libertários, liberais clássicos e conservadores americanos.
MURRAY N. ROTHBARD | |
METAFÍSICA | A realidade é composta de substâncias que possuem essências. As causas são os poderes reais dessas substâncias. |
EPISTEMOLOGIA | Universais existem em substâncias. Nós apreendemos a realidade diretamente. A epistemologia kantiana, que nega que os seres humanos conheçam o mundo diretamente, é rejeitada. |
ÉTICA | A ética é baseada na lei natural. O princípio da autopropriedade e a propriedade privada são necessários para que os seres humanos floresçam. As alternativas à autopropriedade são irracionais. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | A lei natural não é criada ou desenvolvida, mas deduzida pela razão. |
FILOSOFIA POLÍTICA | O estado é uma instituição inerentemente opressora. Proteção, justiça e defesa podem e devem ser fornecidas por meio do mercado livre. |
BIOLOGIA | Os animais são governados por instintos, são compelidos a proceder de acordo com suas tendências naturais e não podem se comportar de forma contrária a elas; as espécies têm diferentes composições genéticas antigas e atributos que são suas naturezas. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | As diferenças entre os humanos (por exemplo, em inteligência) têm base biológica e são parcialmente hereditárias; a sobrevivência do mais apto é uma tautologia sem sentido, visto que em biologia os mais aptos são aqueles que sobreviveram (assim se lê: sobrevivência daqueles que sobreviveram); a sorte desempenha um papel significativo na sobrevivência; por essas razões, a biologia não pode ser usada como um padrão de ética. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | O darwinismo social é rejeitado. O capitalismo não se baseia na visão de que o forte deve suprimir o fraco. Em vez disso, todos se beneficiam com a cooperação social e a divisão do trabalho. |
ECONOMIA | Todo o corpo da teoria econômica é deduzido do axioma de que os seres humanos agem. Nenhuma interferência em um mercado totalmente livre é permitida ou desejável. |
Murray Newton Rothbard foi um economista heterodoxo norte-americano da Escola Austríaca, historiador, e filósofo político que ajudou a definir o conceito moderno de libertarianismo. Ele fundou e foi principal teórico de uma vertente de anarquismo baseada no livre mercado, denominada “anarcocapitalismo”, um firme defensor do revisionismo histórico e uma figura central no movimento libertário americano do século XX. Ele escreveu mais de vinte livros sobre teoria política, revisionismo histórico, economia e outros assuntos.
Rothbard afirmou que todos os serviços prestados pelo “sistema de monopólio do estado corporativo” poderiam ser fornecidos de forma mais eficiente pelo setor privado e escreveu que o estado é “a organização do roubo sistematizado e em larga escala”. Ele chamou o sistema bancário de reservas fracionárias de uma forma de fraude e se opôs ao banco central. Ele se opôs categoricamente a todo intervencionismo militar, político e econômico nos assuntos de outras nações. De acordo com o seu protegido Hans-Hermann Hoppe, “não haveria nenhum movimento anarcocapitalista para falar sem Rothbard”.
O economista Jeffrey Herbener, que chama Rothbard de amigo e “mentor intelectual”, escreveu que Rothbard recebeu “apenas ostracismo” da academia tradicional. Rothbard rejeitou as principais metodologias econômicas e, em vez disso, adotou a praxeologia de seu mais importante precursor intelectual, Ludwig von Mises. Para promover suas ideias econômicas e políticas, Rothbard juntou-se a Llewellyn H. “Lew” Rockwell, Jr. e Burton Blumert em 1982 para estabelecer o Instituto Ludwig von Mises em Alabama.
Seus livros mais notáveis são Homem, Economia e Estado, A Ética da Liberdade, Manifesto Libertário, Igualitarismo como uma Revolta contra a Natureza, entre tantos outras que versam desde teoria econômica até filosofia política, cultura, arte e história.
HANS-HERMANN HOPPE | |
METAFÍSICA | Na medida em que podemos compreender a natureza da realidade, é por meio de conceitos derivados da ação humana. A ação é uma ponte de nossas mentes para a realidade. |
EPISTEMOLOGIA | Os conceitos humanos, incluindo espaço e tempo, são desenvolvidos por meio de operações práticas. Um programa de desenvolvimento de “protofísica” ao longo dessas linhas foi desenvolvido por Paul Lorenzen e seus seguidores. |
ÉTICA | A ética da argumentação estabelece que o princípio da autopropriedade e o primeiro usuário da aquisição da propriedade são exigidos pela razão. A negação disso resulta em uma “contradição performativa”, ou seja, afirmar que a negação mostra o que se diz ser falso. |
ORIGEM DA LEI NATURAL | A origem da lei natural é a natureza racional do homem, especificamente sua capacidade de argumentar; As normas da lei natural (contrárias às normas convencionais) são essas normas para as quais não existe alternativa e que não podem ser negadas pelos seres humanos argumentativamente sem cair em contradição performativa. |
FILOSOFIA POLÍTICA | O anarcocapitalismo é o melhor sistema possível de ordem social. Monarquia e aristocracia são superiores à democracia. O governo em uma democracia é limitado a considerações de curto prazo. |
BIOLOGIA | As características biológicas (físicas e mentais) são possíveis fontes de diferenças socialmente significativas entre os homens; essas características biológicas, por sua vez, foram selecionadas no longo processo de seleção natural como um determinante do sucesso econômico e, portanto, reprodutivo; algumas formas de cooperação humana (por exemplo, família) têm base biológica. |
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | O papel dos desafios ambientais na evolução da mente humana é enfatizado. |
EVOLUÇÃO CULTURAL | A Revolução Industrial originou-se de grupos superiores capazes de responder aos desafios. |
ECONOMIA | O mercado livre pode fornecer melhor todos os serviços, incluindo defesa. A interferência com ele é injustificável. A categoria de “bens públicos” é inválida. |
Hans-Hermann Hoppe é um filósofo e economista alemão-americano da escola austríaca. É professor emérito de economia na Universidade de Nevada, Las Vegas, tendo se aposentado em 2008. Obteve seu PhD na Universidade de Frankfurt Johann Wolfgang Goethe, na Alemanha.
Suas contribuições abarcam desde a ética – na qual fundamenta o direito natural a partir da teoria discursiva habermasiana – à economia – debatendo o conceito de bem público, passando pela política libertária e a apologia do direito privado como o único ético e eficaz. É autor, entre outros trabalhos, de Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo e A Economia e a Ética da Propriedade Privada, onde defende um sistema bancário livre.
Seguindo a tradição austríaca de Murray Rothbard, Hoppe analisou o comportamento do governo, usando recursos da teoria da Escola Austríaca. Definindo governo como o detentor do monopólio de jurisdição e taxação em dado território, e supondo não mais do que o próprio interesse dos funcionários do governo, predisse que eles usariam os privilégios do monopólio para maximizar sua própria riqueza e poder. Hoppe argumenta que há alto grau de correlação entre essas previsões teóricas e dados históricos.
Em Democracy: The God That Failed (“Democracia: O Deus que Falhou“), Hoppe compara monarquias dinásticas com repúblicas democráticas. Segundo o seu ponto de vista, na monarquia dinástica, o rei é como o dono do país porque seu poder passa de geração a geração de sua família, enquanto que um presidente eleito é como um zelador temporário ou inquilino. Ambos tem incentivo para explorar o país em seu próprio benefício. Mas o interesse do rei contra os cidadãos é contrabalançado pelo interesse de manter o valor do capital da nação a longo prazo, assim como o dono de uma casa tem interesse em manter o valor de seu capital, a casa, diferentemente do inquilino. Já os eleitos democraticamente têm o incentivo de pilhar o máximo possível de riqueza dos cidadãos produtivos.
Segundo a teoria de Hoppe, um monopólio não depende da participação no mercado, seja ela qual for. O monopólio se faz pelo bloqueio da entrada nos diferentes setores da economia. Dessa forma, monopólios não podem surgir no livre mercado, mas sempre resultam de políticas governamentais. Monopólios são um mal do ponto de vista dos consumidores porque os preços tendem a aumentar e a qualidade cai, ao contrário do que aconteceria em mercados completamente livres de coerção. Como Rothbard, Hoppe tem conjecturado que em um livre mercado, a competição privada faria com que as agências de defesa provessem melhor qualidade de proteção e resolução de conflitos do que existe atualmente, sob monopólio governamental.
Seus livros mais relevantes são A Economia e a Ética da Propriedade Privada, Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo, Democracia: o Deus que Falhou e Uma Breve História do Homem.